As dificuldades eram muitas. Meu primeiro dicionário de Sânscrito, uma publicação da fantástica editora indiana "Motilal Banarsidass" foi conseguido a duras penas depois de muita troca de correspondência (pelo correio tradicional, em papel) e uma ordem de pagamento internacional carregada de burocracia. Depois disso, ainda esperei mais de seis meses até que o pacote com meu livro atravessasse o Saara no lombo de um camelo e fosse despachado em navio a partir do Marrocos. Um ano inteiro se passou entre o momento da decisão e a chegada do livro em minha casa. E isso foi há apenas trinta e poucos anos.
Hoje ninguém mais poderia reclamar que o acesso à informação é difícil. Uns poucos cliques de mouse unem rapidamente qualquer cybercidadão às respostas de que necessite. Uma consulta bem orientada no "Google" responde a qualquer dúvida que o internauta possa levantar. E ele ainda pode comprar qualquer livro pela Internet, e recebê-lo em sua casa em poucos dias, na pior das hipóteses.
Esse quadro sugere que seria bastante natural que hoje não houvessem mais disputas de opinião, como aquelas de antigamente, quando o desafio era conseguir provar que estava certo, ou que seu oponente estava errado. Teoricamente deveríamos estar todos compartilhando as mesmas preciosas informações sobre os temas de nosso interesse, e jamais seríamos afetados por conflitos de idéias.
Infelizmente não é assim que a coisa funciona. A informação às vezes parece uma lente de aumento, pronta para ampliar as minúcias de nossa diversidade. Onde poderia haver consenso, surge conflito. Onde poderia haver união, discórdia. Essa é a armadilha que ronda os atuais simpatizantes do Yoga, pronta para inspirar desentendimentos verossímeis e intelectualmente bem articulados. Aos yoguinas desta hora está sobrando informação, vocabulário e teoria, mas às vezes falta o bom senso básico dessa doutrina. E o perigo espreita muito de perto uma minoria, que anda miseravelmente pobre de inteligência.
Então vamos ficar despertos. Ainda há muitas tentativas de alimentar discórdia entre os instrutores e praticantes do Yoga. Mas se disseminarmos um pouco de vigilância e boa vontade por aí, certamente há uma boa chance de encontrarmos a Paz nesse "front".
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