Meu bom amigo Luís de Araújo, editor do jornal "O Aprendiz", de Ribeirão Preto, me pediu para escrever algumas palavras sobre o assunto nome espiritual. Provavelmente está preparando alguma matéria para o seu jornal - que diga-se de passagem, tem levado muita inspiração para os buscadores daquela região. Decidi, então, compartilhar com vocês, os leitores que não são de Ribeirão, a reflexão que mandei para ele.
Aqui vai:
Um nome é uma palavra usada para chamamento que identifica um indivíduo em meio a uma coletividade. O nome sempre foi considerado um elemento importante da vida de uma pessoa, e a escolha do nome é uma tarefa árdua para os pais. Em geral eles acabam procurando uma solução que seja simples e justificável, como uma homenagem a um parente, ou a um personagem famoso ou bem sucedido, ou ainda a um santo, um anjo ou outra figura mítica ou religiosa.
No entanto nunca se sabe, ao escolher o nome, se aquela criança, no futuro, ficará satisfeita com o nome que recebeu. O nome pode evocar referências pouco condizentes com sua personalidade ou aparência - ou simplesmente pode parecer, de alguma maneira, inexpressivo como referência àquela determinada pessoa - ou seja, ela se apresenta e as pessoas respondem "você não tem cara de quem tem esse nome". Isso decorre do fato do nome se vincular à personalidade e à aparência das pessoas, e não necessariamente evocar a sua natureza verdadeira, que poderíamos chamar de "identidade espiritual".
A idéia de se encontrar um nome capaz de evocar a verdadeira pessoa que se oculta por trás da personalidade transitória é bastante antiga. Esse seria o nome perfeito, sem qualquer sombra de dúvida. Em diversas civilizações do presente e do passado existiu essa intenção de encontrar alguma maneira de atribuir um nome perfeito para cada ser humano: o nome espiritual. E a solução encontrada quase sempre implicou na atribuição de um nome mundano que a criança carregaria até a adolescência, quando receberia um novo nome ao passar por um rito de iniciação na vida adulta. Dessa forma, seria possível identificar pelos traços já visíveis de seu temperamento qual seria o nome mais adequado para designar o espírito oculto sob a aparência daquele determinado indivíduo.
Na Índia, o nome espiritual é escolhido pelo "guru", o preceptor espiritual da família, e esse nome é mantido em segredo pelo adolescente ou adulto que o recebe. Acredita-se que tem o valor e a força de um "mantra", capaz de evocar as melhores qualidades da pessoa, quando pronunciado com boas intenções. Daí a opção por mantê-lo em segredo, longe dos lábios invejosos de possíveis adversários. Essa prática de atribuição de um nome espiritual iniciático foi adotada também por organizações espiritualistas de todo o mundo, tentando seguir o rastro de nossos sábios antepassados.
A sociedade ocidental contemporânea, no entanto, de uma forma geral não oferece mais esse mecanismo de um "batismo " espiritual, e por essa razão, o máximo que conseguimos é um apelido horroroso, que apenas faz justiça à opinião de quem só tem olhos para os nossos defeitos.
sexta-feira, 28 de março de 2008
quarta-feira, 26 de março de 2008
Deixe cair a ficha...
Poucas coisas são mais gratificantes do que um belo "insight". Aqueles momentos em que as idéias, que antes estavam confusas, num repente se encaixam perfeitamente, como num passe de mágica, e nos dão a felicidade da perfeita compreensão de seu sentido. É algo tão delicioso que queremos compartilhar com todo mundo.
Mas é justamente aí que surge o problema. O "insight" é uma experiência absolutamente pessoal e dificilmente surge de um modo que possa ser transferido ou compartilhado com outra pessoa. Esse é o seu charme e a sua maldição - ele é o resultado de uma atitude de busca ativa. Não pode ser recebido passivamente de alguém que desfrutou dele anteriormente.
Mesmo assim, ficamos ansiosos por compartilhar.
A condição do portador do "insight" é a mesma de uma criança diante do processo do aprendizado - e não apenas aquele da escola formal, mas também, e principalmente, o aprendizado que a vida oferece aos que não têm vergonha de admitir que ainda não sabem. A criança diz - "não sei" e fica olhando para a gente com aqueles olhinhos que pedem para ser surpreendidos com um belo truque de mágica. Ela não quer adivinhar e dar uma resposta esperta - coisa de adulto - mas se diverte com não saber e ter a chance de uma nova descoberta. A vida é muito gratificante na infância, enquanto ainda não temos o desejo de parecer melhores que os outros e entrar na competição que transforma nossos antigos amigos em adversários que devemos temer. Para que eu ia querer ser melhor que os outros, e não ter mais alguém com quem dividir a minha curiosidade e talvez compartilhar o "insight"?
Só temos "insights" quando estamos humildes e reconhecemos que alguém mais pode nos oferecer a pecinha que falta para concluir nosso quebra-cabeças. Quando ainda somos capazes de extrair alegria por juntar idéias ou por ler uma poesia. Porque a poesia, quando é poesia de verdade, é a mais incrível fonte de "insights".
Os hindus chamam os seu maiores sábios - aqueles que trouxeram a revelação dos Vedas, de "poetas". De poesia é feito o próprio Universo, onde os deuses são apenas mantras - e por isso mesmo são tão poderosos...
Se você quer encontrar a felicidade digna de um grande yogui, o primeiro passo é olhar para sua própria ignorância como uma oportunidade de aprendizado. E olhar para o aprendizado como uma oportunidade de encontrar a alegria do "insight". E olhar para o "insight" como um retorno à inocência da infância, como se você houvesse bebido do néctar da imortalidade.
Aquele que já sentiu o prazer de um único "insight" sempre estará atento para não perder o próximo. Mãos à obra, portanto. Pergunte alguma coisa para alguém, com um desejo verdadeiro de elucidar alguma dúvida. Ou, se preferir, abra um livro de poesias. Faça uma meditação ou cante um mantra - e fique atento ao que se passa dentro de seu coração.
E vamos deixar, mais uma vez, cair a ficha...
Mas é justamente aí que surge o problema. O "insight" é uma experiência absolutamente pessoal e dificilmente surge de um modo que possa ser transferido ou compartilhado com outra pessoa. Esse é o seu charme e a sua maldição - ele é o resultado de uma atitude de busca ativa. Não pode ser recebido passivamente de alguém que desfrutou dele anteriormente.
Mesmo assim, ficamos ansiosos por compartilhar.
A condição do portador do "insight" é a mesma de uma criança diante do processo do aprendizado - e não apenas aquele da escola formal, mas também, e principalmente, o aprendizado que a vida oferece aos que não têm vergonha de admitir que ainda não sabem. A criança diz - "não sei" e fica olhando para a gente com aqueles olhinhos que pedem para ser surpreendidos com um belo truque de mágica. Ela não quer adivinhar e dar uma resposta esperta - coisa de adulto - mas se diverte com não saber e ter a chance de uma nova descoberta. A vida é muito gratificante na infância, enquanto ainda não temos o desejo de parecer melhores que os outros e entrar na competição que transforma nossos antigos amigos em adversários que devemos temer. Para que eu ia querer ser melhor que os outros, e não ter mais alguém com quem dividir a minha curiosidade e talvez compartilhar o "insight"?
Só temos "insights" quando estamos humildes e reconhecemos que alguém mais pode nos oferecer a pecinha que falta para concluir nosso quebra-cabeças. Quando ainda somos capazes de extrair alegria por juntar idéias ou por ler uma poesia. Porque a poesia, quando é poesia de verdade, é a mais incrível fonte de "insights".
Os hindus chamam os seu maiores sábios - aqueles que trouxeram a revelação dos Vedas, de "poetas". De poesia é feito o próprio Universo, onde os deuses são apenas mantras - e por isso mesmo são tão poderosos...
Se você quer encontrar a felicidade digna de um grande yogui, o primeiro passo é olhar para sua própria ignorância como uma oportunidade de aprendizado. E olhar para o aprendizado como uma oportunidade de encontrar a alegria do "insight". E olhar para o "insight" como um retorno à inocência da infância, como se você houvesse bebido do néctar da imortalidade.
Aquele que já sentiu o prazer de um único "insight" sempre estará atento para não perder o próximo. Mãos à obra, portanto. Pergunte alguma coisa para alguém, com um desejo verdadeiro de elucidar alguma dúvida. Ou, se preferir, abra um livro de poesias. Faça uma meditação ou cante um mantra - e fique atento ao que se passa dentro de seu coração.
E vamos deixar, mais uma vez, cair a ficha...
domingo, 9 de março de 2008
Tradutor, um traidor...
Parece incrível como as traduções de textos de culturas orientais são difíceis para nós, ocidentais. E isso é particularmente verdadeiro para a literatura sânscrita, onde a maior causa de distorções é a autoridade dos especialistas.
É incrível a quantidade de erros de tradução que encontro diariamente quando leio as traduções de autoridades acadêmicas. O Rig Veda de Griffith é um exemplo típico, onde erros grosseiros impedem uma leitura fluente de qualquer dos hinos - fazendo parecer que os antigos védicos tinham um modo muito esquisito de dizer as coisas. Na verdade parece que alguns tradutores, quando não têm certeza sobre o que está registrado no texto original, pulam sem aviso aquele trecho duvidoso ou simplesmente inventam alguma coisa para escrever ali - só para não deixar passar em branco...
Outra marca registrada de alguns "tradutores clássicos" é o fato de utilizarem versões arcaicas de suas próprias línguas - o estilo "bíblico" - como se isso fosse dar mais credibilidade ou autenticidade à tradução de textos antigos. Isso é um hábito muito frequente nas traduções para o Inglês. O que eles conseguem é apenas tornar ainda mais difícil a leitura, o que possivelmente vai disfarçar um pouco as suas falhas de tradução.
O grande problema com essas falhas de tradução é que elas se propagam por diversos outros textos que as tomam por referência, e que acabam por dar a elas uma credibilidade que não merecem.
Certa ocasião, na Universidade de São Paulo, quando eu ainda estudava Sânscrito, o professor Mario Ferreira contou que fazia um estudo sobre os nomes de posturas do Hatha Yoga quando se deparou com um nome que ainda não conhecia - a "postura da lagosta". Ao procurar pelo nome original sânscrito ele encontrou a shalabhAsanam, ou seja, a "postura do gafanhoto". A tradução estava errada. Para seu espanto, porém, muitos outros livros registravam o mesmo erro, alguns inclusive trazendo o nome original sânscrito estampado junto à tradução equivocada - o que, aliás, servia de prova e atestado da ignorância do autor. Quase trinta publicações, na época, reproduziam o erro de tradução. Mas como isso teria ocorrido? Uma consulta às bibliografias dessas publicações logo revelou o DNA e a árvore genealógica do problema. Um livro que aparecia na fonte, como referência para os demais, era uma tradução de um original em Inglês - no qual o nome da postura fora traduzido corretamente como "gafanhoto". O erro, desta vez, havia sido da tradução a partir do Inglês, onde gafanhoto é "locust", e o tradutor, num ato falho, traduziu "locust" por "lagosta" (em Inglês, "lobster").
Ainda que se entenda o fato de um tradutor de Inglês não conhecer o Sânscrito, não podemos perdoar a falta de revisão de seu erro na tradução do Inglês. E menos ainda a cara-de-pau de autores locais que posaram de entendidos do Sânscrito, colocando em seus livros o nome original da postura, e copiando o erro grosseiro de tradução produzido pelo descuidado tradutor do Inglês. Haja paciência...
Esse caso contado pelo professor Mario Ferreira aos seus alunos (entre os quais, eu), por volta de 1980, me deixou uma impressão muito forte acerca da responsabilidade de quem trabalha com outras línguas. Reforçou também a minha convicção de que quem quer conhecer a riquíssima diversidade das Culturas da Índia precisa considerar a possibilidade de fazê-lo nas suas línguas originais.
É aqui que minha convicção sobre o a importância de se disseminar o acesso ao Sânscrito se fortalece. O mercado oferece excelentes tradutores para um grande número de línguas que dão corpo a culturas fascinantes, mas o Sânscrito está mal servido, nesse mercado. A grande autoridade "moral" de alguns tradutores não melhora em nada a pobreza de seu trabalho com essa língua fantástica.
Posso garantir a você que há muito, mas muito mesmo, a ser aprendido por nós dos "insights" que nossos antepassados indianos tiveram há dois, três, quatro mil anos ou mais. Mas minha recomendação, no caso do Sânscrito, será sempre a de estudar a língua e ler o texto diretamente no original. Garanto a você que o resultado paga com folga todo o esforço investido nesse aprendizado.
É incrível a quantidade de erros de tradução que encontro diariamente quando leio as traduções de autoridades acadêmicas. O Rig Veda de Griffith é um exemplo típico, onde erros grosseiros impedem uma leitura fluente de qualquer dos hinos - fazendo parecer que os antigos védicos tinham um modo muito esquisito de dizer as coisas. Na verdade parece que alguns tradutores, quando não têm certeza sobre o que está registrado no texto original, pulam sem aviso aquele trecho duvidoso ou simplesmente inventam alguma coisa para escrever ali - só para não deixar passar em branco...
Outra marca registrada de alguns "tradutores clássicos" é o fato de utilizarem versões arcaicas de suas próprias línguas - o estilo "bíblico" - como se isso fosse dar mais credibilidade ou autenticidade à tradução de textos antigos. Isso é um hábito muito frequente nas traduções para o Inglês. O que eles conseguem é apenas tornar ainda mais difícil a leitura, o que possivelmente vai disfarçar um pouco as suas falhas de tradução.
O grande problema com essas falhas de tradução é que elas se propagam por diversos outros textos que as tomam por referência, e que acabam por dar a elas uma credibilidade que não merecem.
Certa ocasião, na Universidade de São Paulo, quando eu ainda estudava Sânscrito, o professor Mario Ferreira contou que fazia um estudo sobre os nomes de posturas do Hatha Yoga quando se deparou com um nome que ainda não conhecia - a "postura da lagosta". Ao procurar pelo nome original sânscrito ele encontrou a shalabhAsanam, ou seja, a "postura do gafanhoto". A tradução estava errada. Para seu espanto, porém, muitos outros livros registravam o mesmo erro, alguns inclusive trazendo o nome original sânscrito estampado junto à tradução equivocada - o que, aliás, servia de prova e atestado da ignorância do autor. Quase trinta publicações, na época, reproduziam o erro de tradução. Mas como isso teria ocorrido? Uma consulta às bibliografias dessas publicações logo revelou o DNA e a árvore genealógica do problema. Um livro que aparecia na fonte, como referência para os demais, era uma tradução de um original em Inglês - no qual o nome da postura fora traduzido corretamente como "gafanhoto". O erro, desta vez, havia sido da tradução a partir do Inglês, onde gafanhoto é "locust", e o tradutor, num ato falho, traduziu "locust" por "lagosta" (em Inglês, "lobster").
Ainda que se entenda o fato de um tradutor de Inglês não conhecer o Sânscrito, não podemos perdoar a falta de revisão de seu erro na tradução do Inglês. E menos ainda a cara-de-pau de autores locais que posaram de entendidos do Sânscrito, colocando em seus livros o nome original da postura, e copiando o erro grosseiro de tradução produzido pelo descuidado tradutor do Inglês. Haja paciência...
Esse caso contado pelo professor Mario Ferreira aos seus alunos (entre os quais, eu), por volta de 1980, me deixou uma impressão muito forte acerca da responsabilidade de quem trabalha com outras línguas. Reforçou também a minha convicção de que quem quer conhecer a riquíssima diversidade das Culturas da Índia precisa considerar a possibilidade de fazê-lo nas suas línguas originais.
É aqui que minha convicção sobre o a importância de se disseminar o acesso ao Sânscrito se fortalece. O mercado oferece excelentes tradutores para um grande número de línguas que dão corpo a culturas fascinantes, mas o Sânscrito está mal servido, nesse mercado. A grande autoridade "moral" de alguns tradutores não melhora em nada a pobreza de seu trabalho com essa língua fantástica.
Posso garantir a você que há muito, mas muito mesmo, a ser aprendido por nós dos "insights" que nossos antepassados indianos tiveram há dois, três, quatro mil anos ou mais. Mas minha recomendação, no caso do Sânscrito, será sempre a de estudar a língua e ler o texto diretamente no original. Garanto a você que o resultado paga com folga todo o esforço investido nesse aprendizado.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
A Índia invade as minhas tardes...
Aprendi há muito tempo que não há melhor maneira de aprender do que dar uma boa aula. O professor que se dedica seriamente a ensinar, ou seja, aquele que se preocupa realmente em apresentar a matéria de uma maneira que seus alunos consigam entender o assunto, passa por um processo preparatório que é uma verdadeira catarse. Antes de dar um curso, ele mergulha totalmente no assunto, com uma profundidade muito maior do que aquela que será necessária para as aulas, de modo a ficar bem familiarizado com as informações. Assim, quando ele for apresentar a matéria aos alunos, sua mente poderá escolher diversos caminhos alternativos para abordar o tema - o que dá a ele a flexibilidade de ensinar da maneira à qual os alunos respondam com maior interesse.
Esse mergulho preparatório não acontece apenas durante o planejamento de um curso ou de um período de um curso, mas também se repete diariamente nas horas ou minutos que antecedem a aula. Às vezes me flagro consultando uma obra que está muito além do conteúdo previsto para o curso que estou dando, simplesmente porque ela pode oferecer algum "insight" que talvez enriqueça as aulas e estimule o interesse de meus alunos. Acredito que isto seja uma doença que acomete qualquer professor que esteja de fato intencionado para promover o aprendizado de seus pupilos.
O estudante de Yoga, Sânscrito ou de Cultura da Índia em geral é uma jóia preciosa, pois procura os cursos movido por um interesse autêntico por aprender. Não é justo frustar esse seu desejo e desperdiçar a imensa energia que ele coloca em seu esforço por entender informações que vieram de tão longe...
Mas meu foco, aqui, é revelar esse segredinho que os professores prazeirosamente confessam, com relação ao seu trabalho. O professor aprende muito mais do que os seus alunos, antes, durante e depois das aulas. Poderíamos até forçar um pouco mais o argumento e sugerir que o melhor professor pode estar sendo motivado por um profundo egoísmo, ao dar as suas melhores aulas - simplesmente porque ele estará desfrutando do maior benefício, e aprendendo muito mais do que está ensinando, enquanto seus alunos inocentemente se consideram os maiores beneficiários naquele momento. Isso quer dizer que os melhores cursos, pela perspectivas dos alunos, são máquinas de tranformar professores em gênios iluminados...
Pois é. Como eu sou um sujeito extremamente egoista, decidi preencher algumas tardes dando aulas sobre alguns assuntos de que gosto muito. E espero que você participe ou passe a informação adiante, pois assim estará me ajudando a criar condições para que eu mesmo me torne um verdadeiro iluminado. Veja os assuntos:
Desvendando os nomes dos asanas
Segundas-feiras das 17:00 às 18:30
Objetivo: dar ao aluno noções extensivas sobre o significado dos nomes de cada um dos asanas, bem como sua pronuncia e grafia corretos. Alguns outros termos da prática de Yoga também serão abordados no curso.
Duração: três módulos seqüenciais de quatro meses cada um - com uma aula semanal.
Referência básica: "Manual das 84 Posturas"
Yantras e Mantras - ferramentas tântricas para o Yoga
Segundas-feiras das 15:30 às 17:00
Objetivo: Oferecer introdução às técnicas de ativação do corpo e da mente por meio de diagramas mágicos (yantras) e do uso de mantras. Também será ministrado o suporte teórico e a inserção histórica dessas técnicas dentro da tradição do Hinduísmo. O participante aprenderá a utilizar essas ferramentas especialmente para sua prática de meditação.
Duração: dois módulos sequenciais de quatro meses cada um - com uma aula semanal.
Material de apoio: apostila.
Praticas divinatórias no Hinduísmo
Quintas-feiras das 15:30 às 17:00
Objetivo: Apresentar um quadro geral e os conceitos mais importantes sobre algumas práticas divinatórias tradicionais em uso na Índia, com foco no Jyotishshastra (astrologia hindu). Serão discutidas as técnicas e as condições exigidas para esses procedimentos divinatórios, e o aluno será levado a testar por si mesmo as informações astrológicas obtidas pelo método antigo dos indianos.
Duração: dois módulos sequenciais de quatro meses cada um - com uma aula semanal.
Material de apoio: apostila.
Técnicas ancestrais de meditação
Quintas-feiras das 17:00 às 18:30
Objetivo: Apresentar de forma sistemática as mais importantes técnicas antigas para auxiliar o processo de meditação, com foco nas práticas indianas. O aluno poderá se servir das informações obtidas para estabelecer uma rotina de meditação adequada ao seu perfil pessoal, e estará capacitado para orientar seus próprios alunos sobre as alternativas existentes. Um diferencial deste curso é o esforço para tornar bastante claro o conceito de meditação. O que se pretende é que o aluno aprenda a praticar, com bom resultado, a meditação.
Duração: Um módulo de três meses - com uma aula semanal.
Material de apoio: apostila
O Yogavishaya de Minanatha - uma síntese do universo do Hatha Yoga
Um estudo dirigido em quatro aulas
Quintas-feiras das 14:00 às 15:30
Objetivo: Dar ao aluno uma visão completa, do conteúdo do texto sânscrito Yogavishaya, de Minanatha. Nessa pequena obra o fundador da linhagem Kaula, e celebrado mestre mítico de Gorakshanatha, faz uma abordagem breve de todo o cenário cultural que dá sustentação ao Hatha Yoga. Vamos abordar cada detalhe da obra estabelecendo conexões com outras obras da tradição do Yoga e da linhagem Natha.
Material de apoio: apostila com a tradução e outras referências.
Todos esses cursos são ministrados em São Paulo, cidade onde resido, no Instituto Narayana - cujo telefone é (11) 3826.5549.
Como você pode ver, cada vez mais a Índia invade as minhas tardes...
Esse mergulho preparatório não acontece apenas durante o planejamento de um curso ou de um período de um curso, mas também se repete diariamente nas horas ou minutos que antecedem a aula. Às vezes me flagro consultando uma obra que está muito além do conteúdo previsto para o curso que estou dando, simplesmente porque ela pode oferecer algum "insight" que talvez enriqueça as aulas e estimule o interesse de meus alunos. Acredito que isto seja uma doença que acomete qualquer professor que esteja de fato intencionado para promover o aprendizado de seus pupilos.
O estudante de Yoga, Sânscrito ou de Cultura da Índia em geral é uma jóia preciosa, pois procura os cursos movido por um interesse autêntico por aprender. Não é justo frustar esse seu desejo e desperdiçar a imensa energia que ele coloca em seu esforço por entender informações que vieram de tão longe...
Mas meu foco, aqui, é revelar esse segredinho que os professores prazeirosamente confessam, com relação ao seu trabalho. O professor aprende muito mais do que os seus alunos, antes, durante e depois das aulas. Poderíamos até forçar um pouco mais o argumento e sugerir que o melhor professor pode estar sendo motivado por um profundo egoísmo, ao dar as suas melhores aulas - simplesmente porque ele estará desfrutando do maior benefício, e aprendendo muito mais do que está ensinando, enquanto seus alunos inocentemente se consideram os maiores beneficiários naquele momento. Isso quer dizer que os melhores cursos, pela perspectivas dos alunos, são máquinas de tranformar professores em gênios iluminados...
Pois é. Como eu sou um sujeito extremamente egoista, decidi preencher algumas tardes dando aulas sobre alguns assuntos de que gosto muito. E espero que você participe ou passe a informação adiante, pois assim estará me ajudando a criar condições para que eu mesmo me torne um verdadeiro iluminado. Veja os assuntos:
Desvendando os nomes dos asanas
Segundas-feiras das 17:00 às 18:30
Objetivo: dar ao aluno noções extensivas sobre o significado dos nomes de cada um dos asanas, bem como sua pronuncia e grafia corretos. Alguns outros termos da prática de Yoga também serão abordados no curso.
Duração: três módulos seqüenciais de quatro meses cada um - com uma aula semanal.
Referência básica: "Manual das 84 Posturas"
Yantras e Mantras - ferramentas tântricas para o Yoga
Segundas-feiras das 15:30 às 17:00
Objetivo: Oferecer introdução às técnicas de ativação do corpo e da mente por meio de diagramas mágicos (yantras) e do uso de mantras. Também será ministrado o suporte teórico e a inserção histórica dessas técnicas dentro da tradição do Hinduísmo. O participante aprenderá a utilizar essas ferramentas especialmente para sua prática de meditação.
Duração: dois módulos sequenciais de quatro meses cada um - com uma aula semanal.
Material de apoio: apostila.
Praticas divinatórias no Hinduísmo
Quintas-feiras das 15:30 às 17:00
Objetivo: Apresentar um quadro geral e os conceitos mais importantes sobre algumas práticas divinatórias tradicionais em uso na Índia, com foco no Jyotishshastra (astrologia hindu). Serão discutidas as técnicas e as condições exigidas para esses procedimentos divinatórios, e o aluno será levado a testar por si mesmo as informações astrológicas obtidas pelo método antigo dos indianos.
Duração: dois módulos sequenciais de quatro meses cada um - com uma aula semanal.
Material de apoio: apostila.
Técnicas ancestrais de meditação
Quintas-feiras das 17:00 às 18:30
Objetivo: Apresentar de forma sistemática as mais importantes técnicas antigas para auxiliar o processo de meditação, com foco nas práticas indianas. O aluno poderá se servir das informações obtidas para estabelecer uma rotina de meditação adequada ao seu perfil pessoal, e estará capacitado para orientar seus próprios alunos sobre as alternativas existentes. Um diferencial deste curso é o esforço para tornar bastante claro o conceito de meditação. O que se pretende é que o aluno aprenda a praticar, com bom resultado, a meditação.
Duração: Um módulo de três meses - com uma aula semanal.
Material de apoio: apostila
O Yogavishaya de Minanatha - uma síntese do universo do Hatha Yoga
Um estudo dirigido em quatro aulas
Quintas-feiras das 14:00 às 15:30
Objetivo: Dar ao aluno uma visão completa, do conteúdo do texto sânscrito Yogavishaya, de Minanatha. Nessa pequena obra o fundador da linhagem Kaula, e celebrado mestre mítico de Gorakshanatha, faz uma abordagem breve de todo o cenário cultural que dá sustentação ao Hatha Yoga. Vamos abordar cada detalhe da obra estabelecendo conexões com outras obras da tradição do Yoga e da linhagem Natha.
Material de apoio: apostila com a tradução e outras referências.
Todos esses cursos são ministrados em São Paulo, cidade onde resido, no Instituto Narayana - cujo telefone é (11) 3826.5549.
Como você pode ver, cada vez mais a Índia invade as minhas tardes...
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Falando Sânscrito
Agora que estou dedicado em tempo integral às minhas atividades envolvendo o Yoga, o Sânscrito e a Cultura da Índia, de uma maneira geral, acredito que será possível realizar um dos meus sonhos prediletos. Quero formar aqui em São Paulo uma pequena (ou grande) comunidade de falantes da língua Sânscrita.
Para quem pensa que o Sânscrito é uma língua morta, e que não é possível trazer o defunto de volta à vida, já informo que na Índia o "renascimento" (pratijanman) é uma crença comum, e eu aposto que também se aplicaria à linguagem sagrada das escrituras hindus. Mas tenho minhas razões para não compartilhar dessa crença de que o Sânscrito seja uma língua morta.
Em Rishikesh, em outubro de 2006, Acharya Yogendra Shastri, professor de Sânscrito e de Astrologia Védica na Universidade Hindu de Varanasi se apresentou para mim falando em Sânscrito. Percebi sua extraordinária fluência nessa língua e expliquei para ele minha dificuldade em encontrar parceiros de conversação por aqui. Fiquei surpreso, no entanto, ao saber que ele convive com diversos colegas igualmente fluentes em Sânscrito. De fato, toda a formação escolar de Yogendra foi ministrada em Sânscrito (inclusive matemática, história, geografia, etc.). O Sânscrito era a língua em que ele conversava com seus colegas de aula, o dia todo. Não é de se estranhar a familiaridade que ele demonstrou com essa linguagem. Na verdade, ele só fala em Sânscrito e Hindi (e prefere o Sânscrito...).
Tal como o professor Yogendra, com quem eu só podia conversar em Sânscrito (já que não aprendi ainda o Hindi), milhares de outras pessoas utilizam o Sânscrito regularmente, e de forma utilitária, em suas conversações diárias. Segundo eles, há assuntos que só podem ser corretamente compreendidos em Sânscrito, devido à riqueza semântica de seu vocabulário.
É claro que, quando falo de implantar uma comunidade sânscrita por aqui, se trata de uma proposta difícil de se colocar em prática, uma vez que depende da disposição e da disciplina de um certo número de pessoas que, possivelmente, também estarão pressionadas por outras prioridades em sua vida diária. O próprio alfabeto Devanagari, do qual o Sânscrito se serve para o registro escrito, é ensinado para todas as crianças na Índia, por ser o mesmo que se emprega para escrever na língua oficial do Governo da Índia, o Hindi. Já quem se interessa pelo Sânscrito, no Brasil, começa literalmente como um completo analfabeto.
Mas creio que a tentativa vale a pena.
Se você está se perguntando "para quê alguém por aqui iria querer falar em Sânscrito?" já te adianto que minha resposta é bastante simples: não faço a menor idéia. Talvez minha fé na loucura humana seja tanta que eu acabo acreditando nessas pequenas impossibilidades. Ou então, talvez eu veja que a grande disseminação do Yoga está criando ou ampliando esse interesse entre os praticantes. Ou ainda, mais provavelmente, já ouvi tantas pessoas me dizendo que gostariam muito de poder falar em Sânscrito que acabei acalentando essa proposta maluca de uma comunidade de falantes.
A idéia não é nova. Os indianos vêm promovendo acampamentos para conversação em Sânscrito em lugares tão distantes da Índia quanto o Canada, os EUA, a Alemanha e a Inglaterra. Um movimento de restauração do Sânscrito como língua falada (ainda que alguns afirmem que ela jamais o foi) se organizou na Índia, em Bangalore (Karnataka) e vem se espalhando pelos países em que há maior concentração de migrantes indianos. Esse movimento pode ser encontrado na Internet no endereço Sanskrita Bharati, que traz informações sobre suas atividades.
No momento estou ensaiando o método em meus cursos no Centro de Estudo de Yoga Narayana, e tenho obtido alguns resultados animadores. Também estou dando continuidade à produção da série de DVDs "Sânscrito Vivo", interrompida por um ano inteiro em razão de compromissos profissionais conflitantes. pretendo publicar o segundo volume (de dez previstos) até o início de Março.
E assim, quem sabe, de passo em passo, meu velho sonho do Sânscrito falado começa a ganhar um pezinho firme no mundo da nossa dura realidade...
Para quem pensa que o Sânscrito é uma língua morta, e que não é possível trazer o defunto de volta à vida, já informo que na Índia o "renascimento" (pratijanman) é uma crença comum, e eu aposto que também se aplicaria à linguagem sagrada das escrituras hindus. Mas tenho minhas razões para não compartilhar dessa crença de que o Sânscrito seja uma língua morta.
Em Rishikesh, em outubro de 2006, Acharya Yogendra Shastri, professor de Sânscrito e de Astrologia Védica na Universidade Hindu de Varanasi se apresentou para mim falando em Sânscrito. Percebi sua extraordinária fluência nessa língua e expliquei para ele minha dificuldade em encontrar parceiros de conversação por aqui. Fiquei surpreso, no entanto, ao saber que ele convive com diversos colegas igualmente fluentes em Sânscrito. De fato, toda a formação escolar de Yogendra foi ministrada em Sânscrito (inclusive matemática, história, geografia, etc.). O Sânscrito era a língua em que ele conversava com seus colegas de aula, o dia todo. Não é de se estranhar a familiaridade que ele demonstrou com essa linguagem. Na verdade, ele só fala em Sânscrito e Hindi (e prefere o Sânscrito...).
Tal como o professor Yogendra, com quem eu só podia conversar em Sânscrito (já que não aprendi ainda o Hindi), milhares de outras pessoas utilizam o Sânscrito regularmente, e de forma utilitária, em suas conversações diárias. Segundo eles, há assuntos que só podem ser corretamente compreendidos em Sânscrito, devido à riqueza semântica de seu vocabulário.
É claro que, quando falo de implantar uma comunidade sânscrita por aqui, se trata de uma proposta difícil de se colocar em prática, uma vez que depende da disposição e da disciplina de um certo número de pessoas que, possivelmente, também estarão pressionadas por outras prioridades em sua vida diária. O próprio alfabeto Devanagari, do qual o Sânscrito se serve para o registro escrito, é ensinado para todas as crianças na Índia, por ser o mesmo que se emprega para escrever na língua oficial do Governo da Índia, o Hindi. Já quem se interessa pelo Sânscrito, no Brasil, começa literalmente como um completo analfabeto.
Mas creio que a tentativa vale a pena.
Se você está se perguntando "para quê alguém por aqui iria querer falar em Sânscrito?" já te adianto que minha resposta é bastante simples: não faço a menor idéia. Talvez minha fé na loucura humana seja tanta que eu acabo acreditando nessas pequenas impossibilidades. Ou então, talvez eu veja que a grande disseminação do Yoga está criando ou ampliando esse interesse entre os praticantes. Ou ainda, mais provavelmente, já ouvi tantas pessoas me dizendo que gostariam muito de poder falar em Sânscrito que acabei acalentando essa proposta maluca de uma comunidade de falantes.
A idéia não é nova. Os indianos vêm promovendo acampamentos para conversação em Sânscrito em lugares tão distantes da Índia quanto o Canada, os EUA, a Alemanha e a Inglaterra. Um movimento de restauração do Sânscrito como língua falada (ainda que alguns afirmem que ela jamais o foi) se organizou na Índia, em Bangalore (Karnataka) e vem se espalhando pelos países em que há maior concentração de migrantes indianos. Esse movimento pode ser encontrado na Internet no endereço Sanskrita Bharati, que traz informações sobre suas atividades.
No momento estou ensaiando o método em meus cursos no Centro de Estudo de Yoga Narayana, e tenho obtido alguns resultados animadores. Também estou dando continuidade à produção da série de DVDs "Sânscrito Vivo", interrompida por um ano inteiro em razão de compromissos profissionais conflitantes. pretendo publicar o segundo volume (de dez previstos) até o início de Março.
E assim, quem sabe, de passo em passo, meu velho sonho do Sânscrito falado começa a ganhar um pezinho firme no mundo da nossa dura realidade...
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Riqueza e miséria
Há um fenômeno curioso que se passa com quem visita a Índia. O viajante que ali aporta experimenta, em um prazo muito curto, uma paixão muito intensa ou uma aversão insuportável em relação àquele país. Difícil saber a razão, mas difícil também encontrar alguém que simplesmente não se importe com a Índia, depois de conhecê-la.
É claro que cada um terá suas razões pessoais para explicar os sentimentos que experimenta. Um foi até lá iludido por folhetos de turismo, e se ofendeu com a pobreza de grande parcela da população indiana. Sonhou com os palácios das histórias de Aladin e acordou numa palafita de mangue. Outro foi em busca de um mestre espiritual e encontrou mestres e deuses em profusão, num território dominado pela mística e pela religiosidade. Para quem enxergou a pobreza, chamo a atenção para o que segue. A população indiana é muito grande - mais de um bilhão de pessoas para dividir o bolo modesto oferecido pela economia nacional. Não há distribuição de renda que melhore a situação econômica de tanta gente. No entanto, existe uma diferença de qualidade entre a pobreza que conhecemos no Brasil e a pobreza que encontramos na Índia: o pobre brasileiro gostaria de ser rico; e o indiano não se importa. A Tradição é o grande diferencial dos indianos em relação à nossa população. A Índia traça suas origens a mitos que apontam para datas de milhares ou até milhões de anos atrás. O Brasil começa a contar a sua história a partir de 1822, com Dom Pedro I. Nem mesmo o período colonial é incluido em nossa memória histórica - nós simplesmente ignoramos o que antecedeu a Independência, como se fosse um período obscuro e tumultuado de nossa civilização brasileira. Nós lamentamos a nossa pobreza sentados sobre um barril de puro ouro. Pelo menos é assim que deveríamos nos sentir, considerando que a maior riqueza de um povo não se mede pelo "produto interno bruto", mas pela cultura que ele for capaz de assimilar e preservar. Ao dar as costas para nosso passado lusitano e celta sacrificamos a grande riqueza dos milênios em favor de uma breve memória contemporânea construída sem qualquer alicerce. O pobre indiano sorri para o visitante estrangeiro movido por uma autêntica felicidade. Ele sabe que muitos de nós estamos ali para admirar a riqueza que cada um deles está ajudando a proteger - pois a cultura só permanece se for vivida em sua totalidade. Por isso eu vejo os pobres indianos como o "Tio Patinhas" das histórias em quadrinhos, deliciosamente mergulhado em suas moedas, dentro da caixa-forte, enquanto os economistas debatem teses acerca de possíveis soluções para a sua miséria.
Ah, como seria bom que o Brasil fosse acometido desse mesmo "flagelo" que açoita as populações pobres da Índia...
É claro que cada um terá suas razões pessoais para explicar os sentimentos que experimenta. Um foi até lá iludido por folhetos de turismo, e se ofendeu com a pobreza de grande parcela da população indiana. Sonhou com os palácios das histórias de Aladin e acordou numa palafita de mangue. Outro foi em busca de um mestre espiritual e encontrou mestres e deuses em profusão, num território dominado pela mística e pela religiosidade. Para quem enxergou a pobreza, chamo a atenção para o que segue. A população indiana é muito grande - mais de um bilhão de pessoas para dividir o bolo modesto oferecido pela economia nacional. Não há distribuição de renda que melhore a situação econômica de tanta gente. No entanto, existe uma diferença de qualidade entre a pobreza que conhecemos no Brasil e a pobreza que encontramos na Índia: o pobre brasileiro gostaria de ser rico; e o indiano não se importa. A Tradição é o grande diferencial dos indianos em relação à nossa população. A Índia traça suas origens a mitos que apontam para datas de milhares ou até milhões de anos atrás. O Brasil começa a contar a sua história a partir de 1822, com Dom Pedro I. Nem mesmo o período colonial é incluido em nossa memória histórica - nós simplesmente ignoramos o que antecedeu a Independência, como se fosse um período obscuro e tumultuado de nossa civilização brasileira. Nós lamentamos a nossa pobreza sentados sobre um barril de puro ouro. Pelo menos é assim que deveríamos nos sentir, considerando que a maior riqueza de um povo não se mede pelo "produto interno bruto", mas pela cultura que ele for capaz de assimilar e preservar. Ao dar as costas para nosso passado lusitano e celta sacrificamos a grande riqueza dos milênios em favor de uma breve memória contemporânea construída sem qualquer alicerce. O pobre indiano sorri para o visitante estrangeiro movido por uma autêntica felicidade. Ele sabe que muitos de nós estamos ali para admirar a riqueza que cada um deles está ajudando a proteger - pois a cultura só permanece se for vivida em sua totalidade. Por isso eu vejo os pobres indianos como o "Tio Patinhas" das histórias em quadrinhos, deliciosamente mergulhado em suas moedas, dentro da caixa-forte, enquanto os economistas debatem teses acerca de possíveis soluções para a sua miséria.
Ah, como seria bom que o Brasil fosse acometido desse mesmo "flagelo" que açoita as populações pobres da Índia...
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
Adeus, Prefeitura
Dia 24 de janeiro de 2008 entrará para o meu calendário oficial como o meu último dia de trabalho na prefeitura de São Paulo. Um dia que só é importante, para muitos, por ser a véspera do aniversário do município, mas que se torna importantíssimo para mim, por anteceder o primeiro de uma nova fase em minha vida. Depois de quinze anos de poder público, e mais vinte de mercado publicitário e artes visuais, chegou a hora de me dedicar à Cultura da Índia – essa gigantesca herança que a Humanidade ainda não soube aproveitar.
Às vezes duvido de que não vou me envolver com outras atividades, mas estou determinado a concentrar meu foco nessa preciosidade, pelas duas áreas que melhor conheço: a língua sânscrita e o Yoga. O que até hoje foi minha atividade paralela vai finalmente assumir o papel principal no roteiro da minha vida.
Vou pedir proteção ao Senhor dos Dançarinos, o poderoso Shiva, que certamente não me deixará desamparado. Posso afirmar isso com segurança e sem qualquer conotação religiosa porque segundo essa tradição mais do que milenar, Shiva é o “eu” que reside dentro do coração de cada um de nós. Ele é o ator principal, e também o único espectador nesse teatro onde atuo, desde quando nasci. Palmas para ele, então, pois a partir de agora ele também foi promovido a diretor e produtor executivo de minhas maluquices.
Não sei se o prefeito vai sentir a minha falta. A briga que se armou entre ele (Gilberto Kassab) e o outro (Geraldo Alckmin), já começou a fazer barulho grande. Tanto melhor para mim, que saio “à francesa” desse palco que está virando ringue. Enquanto o PSDB e o Demo se desentendem, eu caio fora, para dentro de mim mesmo.
Resta dizer adeus aos documentos de fé pública, e dar as boas vindas às boas práticas de minha fé particular. Acredito demais naquilo que nos chega pela voz de nossos ancestrais e estou convencido de que eles ainda estão aí para ouvir a nossa voz, quando falamos a linguagem dos mitos.
Então, anote aí e não se esqueça. Minhas novas aventuras vão ao ar a partir do dia 25, em qualquer horário, em todos os meus canais.
Às vezes duvido de que não vou me envolver com outras atividades, mas estou determinado a concentrar meu foco nessa preciosidade, pelas duas áreas que melhor conheço: a língua sânscrita e o Yoga. O que até hoje foi minha atividade paralela vai finalmente assumir o papel principal no roteiro da minha vida.
Vou pedir proteção ao Senhor dos Dançarinos, o poderoso Shiva, que certamente não me deixará desamparado. Posso afirmar isso com segurança e sem qualquer conotação religiosa porque segundo essa tradição mais do que milenar, Shiva é o “eu” que reside dentro do coração de cada um de nós. Ele é o ator principal, e também o único espectador nesse teatro onde atuo, desde quando nasci. Palmas para ele, então, pois a partir de agora ele também foi promovido a diretor e produtor executivo de minhas maluquices.
Não sei se o prefeito vai sentir a minha falta. A briga que se armou entre ele (Gilberto Kassab) e o outro (Geraldo Alckmin), já começou a fazer barulho grande. Tanto melhor para mim, que saio “à francesa” desse palco que está virando ringue. Enquanto o PSDB e o Demo se desentendem, eu caio fora, para dentro de mim mesmo.
Resta dizer adeus aos documentos de fé pública, e dar as boas vindas às boas práticas de minha fé particular. Acredito demais naquilo que nos chega pela voz de nossos ancestrais e estou convencido de que eles ainda estão aí para ouvir a nossa voz, quando falamos a linguagem dos mitos.
Então, anote aí e não se esqueça. Minhas novas aventuras vão ao ar a partir do dia 25, em qualquer horário, em todos os meus canais.
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